Um dia flamenco
13/07/2017
No ar existia uma espécie de veneno doce e esplêndido, desses que não nos fere, apenas arranha as costas da vida com uma dor que é mais prazer.
A dança uma
fera estética, ali enjaulada no palco do olhar. Não é por acaso que a taça que
envenena a vida cotidiana, tomba no tablado e no ritmo Flamenco.
A canção que se ouve, ouve-se também nos corpos transformados pela sublimidade do movimento.
E sem motivação, a indumentária
do etéreo se despe, visitando o espaço-tempo com outra visão, o fogo cigano.
Crenças e opiniões se dissolvem num véu de lembranças queridas, refazendo o começo opalescente, esse começo sem começo, esse começo sem fim, esse eu sem mim.
Carlos França